quarta-feira, 25 de novembro de 2009

As orelhas que me pesam


Já tive ângulos melhores...

Eu não sou do tipo que acredita em contos de fadas. Na maioria das vezes, não me arrisco sem estar ciente que dou conta de encarar a situação. Mas, excesso de confiança e um par de olhos verdes fizeram todas as minhas convicções parecerem utopia.

Há tempos eu não conhecia ninguém que despertasse a minha atenção. Eu já tinha até desistido dessa história de me apaixonar e ser feliz para sempre. Estava começando a avaliar as opções que me sobrava e tinha decidido que me tornar uma workaholic era a alternativa mais apropriada. Até que um cafa daqueles simplesmente rouba todos os meus planos e me deixa na saudade, literalmente.

Caí na tentação consciente de que seria apenas uma noite muita divertida. E foi. E eu comecei a desconfiar que tinha sido vítima da minha própria armadilha quando eu acordei lembrando do seu beijo docemente ardente. Mantive a calma e pensei: ok! foi bom e é natural que eu leve algumas horas para abstrair a história.

Mais tarde, quando fui lavar a roupa que havia vestido, um sorriso me despertou para um terrível pesadelo ao perceber que a blusa ainda tinha o cheiro dele. Epa, Epa, EPA! Sinal vermelho ligado e um letreiro gigante escrito PERIGO começa a piscar bem a minha frente.

Mas, eu logo pensei que estava me preocupando demais. Afinal, cafas não ligam no dia seguinte, não mandam sinais de fumaça em menos de uma semana (quando mandam) e, definitivamente, eu estava em um terreno seguro. Mas, eis que a vida é uma caixinha de surpresas... E quando a gente menos espera, chega um torpedo.

Já almoçou?
Estava esperando um convite... ;-)

Acabei de acordar, passo aí em 30 min. Bjo.


E ao invés de dar pulinhos de alegria, entrei em pânico e repassando cada detalhe da noite anterior, fiquei imaginando o que eu havia feito para aquele cidadão querer sair comigo de novo. É caros leitores, tenho a autoestima do tamanho de uma ervilha. Não sei o que eu fiz de certo (ou de errado), mas a verdade é que os torpedos chegavam quase todos os dias, e os fins de semana eram preenchidos por uma euforia devastadora. Quase apaixonante.

Foi, então, que para ser esperta, eu tomei a atitude mais burra já constatada no universo das comedoras de capim: eu me afastei... por medo! Eu simplesmente tinha a convicção de que aquilo era perfeito demais para ser verdade e não quis arriscar. Estava tão segura de que estava pisando descalça em brasa quente que não havia a menor possibilidade de eu sair daquela situação sem me machucar.

Sim, fui covarde. Tive medo de me envolver, daquilo virar um relacionamento, e não porque não quisesse um, mas por não estar segura que isso me faria bem.

Foi difícil lidar com essa (inusitada) situação. Eu só conseguia pensar em como seria maravilhoso se eu tivesse passado mais tempo com ele, como eu precisava sentir tudo aquilo novamente, em como eu adorava a forma como ele me olhava, o jeito sutil com que me acariciava, as bobeiras que a gente compartilhava... E como eu ficaria se eu pudesse... se ele quisesse... se desse...

Mas, eu ainda carrego as orelhas que não me deixam esquecer que “Mulé é um bicho burro mermo” e enquanto capim não virar caviar eu vou continuar pastando.


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