quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Tempo pra ter tempo



Eu lembro quando minha única prioridade era ele. E como o meu dia só começava quando a janela do MSN piscava e eu recebia o meu “Bom Dia, gatona!”. Não é engraçado como, às vezes, a vida ganha sentido com tão pouco? Basta querermos tanto alguma coisa que simplesmente não precisamos de nenhuma outra.

Foi uma das épocas mais fodidas de maior perrengue da minha vida, mas não importava se fazia sol ou se eu tinha estourado os meus 3 cartões de crédito e o único dia do mês em que a minha conta não estava no vermelho era no dia do pagamento, eu acordava e dormia sorrindo. Dia desses, conversando com um amigo, ele me perguntou o que ele tinha de tão especial, e eu respondi:

- Na verdade, não era o que ele tinha, mas o que ele me dava: tempo.

Não é inacreditável como as pessoas nunca têm tempo para elas? Estão sempre ocupadas trabalhando, pagando contas, resolvendo problemas e se desculpando por não terem tempo suficiente para viverem e, então, alguém lhe dá o que ninguém tem, tempo!

Tempo para prestar atenção nas roupas que você veste, descobrir a cor dos seus olhos, saber a sua comida preferida, entender o seu trabalho, ouvir as suas histórias. Tempo para enxergar o que você é.

Ele me deu tanto tempo que quando não teve mais tempo para mim, eu já sabia ver o meu próprio tempo. Comecei a não exigir tanto da felicidade, mas aproveitar o suficiente de cada momento, sem me importar se seriam longos ou curtos, desde que fossem únicos.

Hoje, eu me lembro de quanto do meu tempo eu dei a ele, e mesmo que ele não faça mais parte da minha vida, estará comigo pra sempre. Porque eterno não é a sua presença, mas o aprendizado que ele me trouxe.

Certamente, ele não foi o homem da minha vida. É como diz aquele velho ditado: “Ninguém entra em nossa vida por acaso”. Sempre nos trazem algo que precisamos aprender e levam algo que já não nos servem mais. Esse é o ciclo da vida. É a renovação que nos permite crescer e, principalmente, aceitar o risco de fazer a vida valer a pena.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Então, é Natal!


Finais de ano são irritantes! Eu até acho bonitinho o clima de Natal, as expectativas pela chegada de um novo ano (aliás, preciso combinar o meu Reveillon. Oi, me convida?), as confraternizações e um mundo feliz para sempre, fim! Mas, até chegar a esse período, você precisa enfrentar shoppings lotados, bancos lotados, ruas lotadas e um mês inteirinho de propagandas ridículas que tentam fazer você acreditar na magia de um Natal com flocos de Neve. Oi, verão ainda não chegou e estamos beirando aos 34˚C.

Não estou mal-humorada. Eu só acho que não é preciso tanto estardalhaço para comemorar uma festa que, teoricamente, deveria ser mais religiosa do que comercial. Todo mundo fala em paz, luz, amor, união e mimimimimi, desde que acompanhado por um lindo embrulho. Isso sem mencionar as reuniões familiares. Não é por nada, mas quantas pessoas vocês conhecem que de-tes-tam seus parentes, mas se sentem na obrigação de fingir que as desavenças acabaram só porque é Natal? Santa Hipocrisia, tende piedade de mim, amém!

E pra quê todas aquelas promessas? Quer fazer a diferença na sua vida? Mude! A qualquer hora, a qualquer momento, hoje, agora, já! Precisa de um primeiro de ano qualquer para fazer isso? O maior estímulo que você pode ter é a sua própria vontade de mudar.

Vamos parar com todas essas apologias de fim de ano. Vá cuidar da sua vida e esqueça as mágoas, os rancores, as traições. Você não é perfeito, provavelmente, também já magoou alguém, ofendeu ou traiu. Perdoar é um exercício que deve ser praticado constantemente, não está relacionado a datas comemorativas. Reúna-se às pessoas que você mais ama e faça questão de mostrar isso a elas, não porque é feriado nacional, mas porque você nunca saberá quando elas ainda estarão lá. E presenteie! Presenteie com amor, com admiração, com respeito. O maior presente que alguém pode receber de você é a sua consideração e a única coisa que você deve esperar é um sorriso. Não há no mundo algo que se equipare ao sentimento de ser o “responsável” por promover a felicidade de alguém, mesmo que momentânea.

Bom, mesmo, seria se esse sentimento de boa vontade que impera entre o Natal e o Ano Novo também estivesse presente na vida das pessoas entre o Ano Novo e o Natal. Sem fingimentos, sem prerrogativas, sem tanta maldade.

Esses são os meus sinceros votos de um Feliz Natal!


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Escolhendo uma profissão


Eu tinha 17 anos, e uma decisão que influenciaria toda minha vida: “O que eu vou ser quando eu crescer?”

O teste vocacional me incentivava a apostar nas Ciências Humanas. O meu pai, nas Biomédicas. E eu só tinha a certeza de não queria nada relacionado a Exatas. Lembro que durante todo aquele ano, eu optava por um novo curso a cada 3 meses: de janeiro a março, eu quis ser Psicóloga; de abril a junho, meu sonho era a Fonoaudiologia; de julho a setembro, fiquei apaixonada pela Arquitetura; e quando finalmente chegou a época das inscrições, optei pela Publicidade.

Eu fazia questão de discutir com meus pais os prós e contras de cada profissão. Não esperava pela aprovação deles, mas queria que tivessem orgulho da minha escolha e, claro, me orientassem para que eu fosse capaz de fazer a melhor.

Rá! Você acreditou, né?! Mas, sinto desapontar, eu até era boazinha, mas nunca fui exemplo de nada. Claro que eu não ouvi meus pais! Que aborrecente faria isso? Dãããããããããããããã!

Meu pai ainda “vivia” na época que para ser considerado “bem-sucedido” era preciso um Dr. ou Drª. antecedendo o seu nome em um cartão de visitas. Aquela visão antiquada me irritava, ainda mais quando ele ousava me comparar com minha prima que havia escolhido Odontologia, provocando discussões calorosas sobre minha opção e, obviamente, reforçando-a ainda mais.


A chatice dos adultos... Ninguém aguenta tanto Nhé Nhé Nhé!

Na sua última tentativa de me fazer investir na carreira de Publicitária, meu pai veio com o argumento de que a profissão estava bastante desvalorizada no meu estado, os salários eram baixos e a expectativa, muito pouco promissora. Nesse momento, eu enchi os olhos de lágrimas e disse:

- Assim como existem Publicitários que não ganham uma pequena fortuna mensalmente, existem médicos que mal conseguem sobreviver aos plantões. Existem advogados vendendo cachorro-quente e fisioterapeutas aceitando uma remuneração de R$500,00/mês para terem o direito de exercer sua profissão. Eu acredito que por mais saturado que o mercado esteja, sempre haverá espaço para os bons, quem dirá, para os melhores. E eu só serei boa no que faço se estiver feliz ao fazer.

Venci pelo cansaço. Fiz minha inscrição no curso de Comunicação Social em uma famosa faculdade do meu estado, fui aprovada no vestibular, estudei com afinco, estagiei e consegui um contrato quando ainda estava no 5˚ Período. Era o primeiro passo para um longo e glorioso futuro.

Três anos se passaram. Sentados à mesa de café da manhã, em uma das tradicionais reuniões na casa da minha avó, chegamos a polêmica discussão sobre carreiras. O foco, agora, eram as decisões profissionais que a 2˚ geração da família logo teriam que enfrentar. Só que, desta vez, havia exemplos práticos para oferecer. E quem fez as honras foi o meu pai:

- Eu disse para Nanynha ser doutora. Olha aí, as três se formaram no mesmo ano: a Popo é dentista, já está com consultório montado e carro do ano. A Rose é farmacêutica, já sustenta a casa e ainda paga a escola da irmã. E Nanynha, é o quê?

- Uai, Pai, eu sou feliz!


 
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