quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Escolhendo uma profissão


Eu tinha 17 anos, e uma decisão que influenciaria toda minha vida: “O que eu vou ser quando eu crescer?”

O teste vocacional me incentivava a apostar nas Ciências Humanas. O meu pai, nas Biomédicas. E eu só tinha a certeza de não queria nada relacionado a Exatas. Lembro que durante todo aquele ano, eu optava por um novo curso a cada 3 meses: de janeiro a março, eu quis ser Psicóloga; de abril a junho, meu sonho era a Fonoaudiologia; de julho a setembro, fiquei apaixonada pela Arquitetura; e quando finalmente chegou a época das inscrições, optei pela Publicidade.

Eu fazia questão de discutir com meus pais os prós e contras de cada profissão. Não esperava pela aprovação deles, mas queria que tivessem orgulho da minha escolha e, claro, me orientassem para que eu fosse capaz de fazer a melhor.

Rá! Você acreditou, né?! Mas, sinto desapontar, eu até era boazinha, mas nunca fui exemplo de nada. Claro que eu não ouvi meus pais! Que aborrecente faria isso? Dãããããããããããããã!

Meu pai ainda “vivia” na época que para ser considerado “bem-sucedido” era preciso um Dr. ou Drª. antecedendo o seu nome em um cartão de visitas. Aquela visão antiquada me irritava, ainda mais quando ele ousava me comparar com minha prima que havia escolhido Odontologia, provocando discussões calorosas sobre minha opção e, obviamente, reforçando-a ainda mais.


A chatice dos adultos... Ninguém aguenta tanto Nhé Nhé Nhé!

Na sua última tentativa de me fazer investir na carreira de Publicitária, meu pai veio com o argumento de que a profissão estava bastante desvalorizada no meu estado, os salários eram baixos e a expectativa, muito pouco promissora. Nesse momento, eu enchi os olhos de lágrimas e disse:

- Assim como existem Publicitários que não ganham uma pequena fortuna mensalmente, existem médicos que mal conseguem sobreviver aos plantões. Existem advogados vendendo cachorro-quente e fisioterapeutas aceitando uma remuneração de R$500,00/mês para terem o direito de exercer sua profissão. Eu acredito que por mais saturado que o mercado esteja, sempre haverá espaço para os bons, quem dirá, para os melhores. E eu só serei boa no que faço se estiver feliz ao fazer.

Venci pelo cansaço. Fiz minha inscrição no curso de Comunicação Social em uma famosa faculdade do meu estado, fui aprovada no vestibular, estudei com afinco, estagiei e consegui um contrato quando ainda estava no 5˚ Período. Era o primeiro passo para um longo e glorioso futuro.

Três anos se passaram. Sentados à mesa de café da manhã, em uma das tradicionais reuniões na casa da minha avó, chegamos a polêmica discussão sobre carreiras. O foco, agora, eram as decisões profissionais que a 2˚ geração da família logo teriam que enfrentar. Só que, desta vez, havia exemplos práticos para oferecer. E quem fez as honras foi o meu pai:

- Eu disse para Nanynha ser doutora. Olha aí, as três se formaram no mesmo ano: a Popo é dentista, já está com consultório montado e carro do ano. A Rose é farmacêutica, já sustenta a casa e ainda paga a escola da irmã. E Nanynha, é o quê?

- Uai, Pai, eu sou feliz!


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