terça-feira, 6 de outubro de 2009

4h52



4h52. Esse é o horário que me atormenta. Nas últimas duas semanas, exatamente às 4h52 eu acordo, sem qualquer razão aparente. Bom, no sábado foi às 4h56, mas talvez por ser sábado eu tivesse direito a 4 minutos a mais de sono.

Isso começou há duas semanas, quarta-feira, às 4h52 ele me ligou dizendo que queria me ver. Claro, devia estar bêbado, mas esse era apenas um detalhe, aquele que o encorajava. Dizia que estava se esforçando para não ligar, começou a pedir desculpas. Sua voz era ansiosa, havia muita expectativa, mas talvez fosse um pouco tarde para voltar atrás. Era tarde.

Tentei me concentrar em tudo que estava ouvindo, mas era impossível. Ele falava rápido demais, e por vezes remeteu a uma conversa que tivemos 3 dias antes. Eu havia acabado de acordar e ainda não sabia a importância daquela conversa, às 4h52.

- Fala mais devagar porque eu não estou entendendo.
- Você vai me dizer “acredita!”, aí eu vou dizer que não quero acreditar. E eu vou ter que ir embora, mas tudo bem, eu não tenho que entender, não é?!
- Calma, me diz o que você quer.
- Esquece, desculpa!

Quando se diz “esquece” é porque há algo para não se esquecer. Levantei da cama, acendi a luz na esperança de que aquilo clareasse um pouco a minha memória. Até aquele momento, eu não imaginava que tínhamos algum problema. Sim, nós não concordávamos em tudo, mas aquela discussão sobre “bar, boteco e copo sujo” não se conjectura exatamente como um problema.

- Eu também quero te ver, você sabe disso. Não pode ser amanhã?
- Pode! É que eu vi o seu último torpedo e fiquei com tanta vontade de falar com você, mas eu sei que não deveria, me desculpa. Eu só não queria que você tivesse que trabalhar amanhã, pra eu poder passar o dia inteiro com você...

São 5h15 e até hoje eu não consigo pegar no sono antes do sol nascer. E, talvez, ainda leve algum tempo para compreender que às 4h52 da manhã de uma quarta-feira, eu ouvi mais do que deveria. E por saber tanto, hoje eu não tenho quase nada...


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