quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A beleza é o princípio do caos


O Grande Mestre e o Guardião dividiam a administração de um mosteiro zen. Certo dia, o Guardião morreu e foi preciso substituí-lo. O Grande Mestre reuniu todos os discípulos para escolher quem teria a honra de trabalhar diretamente ao seu lado.

“Vou apresentar um problema”, disse o Grande Mestre. “E aquele que o resolver primeiro, será o novo Guardião do templo”.

Terminado o seu curtíssimo discurso, colocou um banquinho no centro da sala. Em cima estava um vaso de porcelana caríssimo, com uma rosa vermelha a enfeitá-lo. “Eis o problema”, disse o Grande Mestre.

Os discípulos contemplavam, perplexos, o que viam: os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a frescura e a elegância da flor. O que representava aquilo? O que fazer? Qual seria o enigma?

Depois de alguns minutos, um dos discípulos levantou-se, olhou o mestre e os alunos a sua volta. Depois, caminhou resolutamente até o vaso, e atirou-o no chão, destruindo-o.

“Você é o novo Guardião”, disse o Grande Mestre para o aluno. Assim que ele voltou ao seu lugar, explicou: “Eu fui bem claro: disse que vocês estavam diante de um problema. Não importa quão belo e fascinante seja, um problema tem que ser eliminado”.

“Um problema é um problema; pode ser um vaso de porcelana muito raro, um lindo amor que já não faz mais sentido, um caminho que precisa ser abandonado - mas que insistimos em percorrê-lo porque nos traz conforto”, disse. “Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o de frente”.

“Nessas horas, não se pode ter piedade, nem ser tentado pelo lado fascinante que qualquer conflito carrega consigo”.

Esse texto é de Paulo Coelho e eu o li em sua coluna no G1. Adorei! Com certeza ele não mudou a minha vida, mas me fez pensar como somos facilmente enganados pelas aparências.


A Bela também não confiava na Fera.
Aposto que o Príncipe da Cinderela não teve esse problema...

Não duvidamos da beleza, talvez, porque quando crianças nos ensinaram que os heróis eram belos e fortes e os vilões sempre tinham uma aparência horrível. Fomos programados para identificar o bem e o mau por seu aspecto físico, e nem adianta dizer que agora somos adultos e deveríamos saber que isso não é verdade. Não, não é. Mas, tente fazer o seu cérebro esquecer todos aqueles anos mantendo-o em estado de alerta sempre que você ouvia “Não faça careta! Isso é uma coisa feia que só os meninos(as) maus(ás) fazem”.

Crescemos acreditando na beleza como sinônimo de pureza. E é por esse motivo que relutamos tanto em nos “desfazer” de quaisquer problemas que não tenham uma verruga na ponta do nariz, e assim será até o fim dos tempos.


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