terça-feira, 16 de junho de 2009

Lúcida madrugada

Acordei de ressaca. Olhos fundos, rosto amassado, uma dor de cabeça insuportável e o estômago um pouco embrulhado. Foi uma noite daquelas. O despertador toca. Argh! Parece estourar os meus tímpanos. Engraçado, nunca percebi o quanto ele soava alto.

Hoje é sexta-feira. Dia perfeito para uma ressaca. E esta é a pior que eu já tive. Juro! Pior do que se eu tivesse passado a noite inteira agarrada a um litro de Vodka. A minha ressaca aconteceu de um devaneio. Das minhas memórias. De algo que eu vivi há muitos anos. Que eu já resolvi, mas ainda é recente. A minha ressaca é moral!

Cheguei em casa disposta a resolver a minha vida. Eu já estava com tudo encaminhado. Já tinha namorado, já tinha um emprego, já tinha o meu apartamento. Não fazia o menor sentido continuar a pensar se o que ele me dissera há um ano era verdade. Após 7 anos, aquele homem me dizia que finalmente tinha acordado para a vida e que descobriu me amar profundamente. Quem ele pensa que é para aparecer assim, de repente, depois de tantos anos tentando recuperar o meu coração? Que abusado! Como ousa pensar que seria fácil?

Bom, mocinho, tenho uma surpresinha para você. Depois dessa declaração, eu vou ter que pensar. E muito. Talvez hoje, um ano depois, eu continue pensando. Ah, o que é isso? Eu tenho o direito. Nas outras duas vezes, você esteve com o controle da situação. Agora, não. Agora é a minha vez. Eu dou as cartas. Eu decido o que será do meu e do seu destino.

A pergunta que mais me assusta é: Então, por que eu não faço isso e acabo de vez com essa agonia? 

Talvez, ele tenha mudado. Afinal, eu sempre me dediquei a ele. À sua felicidade. Mesmo de longe. Talvez ele tenha percebido... Que eu sou a pessoa mais ingênua do mundo, para não dizer burra. É claro que apareceria agora que estou feliz. Que melhor momento para ele mostrar que continua sendo o mesmo verme de outras épocas?

Eu ainda consigo sentir a dor no peito. Lateja. Estou sufocada. Acabaram-se as lágrimas. Dói. Há esperança dele me dizer que é tudo um engano, apenas um desentendimento. Mas não... Quem sabe daqui a três anos? Em meio a uma risada cínica, é tudo que eu ouço. Ele acaba de pisar no último pedaço da minha dignidade.

Olho no relógio e o ponteiro marcam 3h. Eu já deveria estar dormindo há pelo menos 4 horas. Por que o sono não vem? Luzes apagadas, o barulhinho do ar condicionado e as cobertas aquecem o meu corpo. O travesseiro parece me incomodar. Tem algo de errado nele porque eu não encontro uma posição. Viro de um lado e de outro, mas meus pensamentos estão em sua potência máxima. Já fugiram do meu controle e, a essa altura, estou muito irritada por não conseguir apagar. Será que se eu ligar a televisão irá funcionar? Talvez o barulho confunda os meus pensamentos e eu consiga esquecer a sua existência, momentaneamente.

Já decidi! Não existe nada a ser dito. Deixarei que ele perceba o quanto é tarde para tudo isso. Eu tenho mais o que fazer. Mais do que esperar ele me envolver com suas falsas promessas. Minha vida está completa e me recuso a mudá-la agora. São 5h, amanhã eu trabalho. Boa noite, hora de dormir. Já tinha perdido muito tempo com essa história. Foi a minha última ressaca por sua causa.


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