terça-feira, 24 de março de 2009

Duas colheres de açúcar e uma porção de verdade


Diz um provérbio indiano que “Uma meia verdade equivale a uma mentira inteira”. Difícil aceitar que omissão e mentira compartilham da mesma sentença, mas imagine-se recebendo uma “meia” verdade e, depois de algum tempo, descobrindo a parte oculta. Pois é, você também sentirá o gosto amargo do capim que tem pastado durante todo o tempo. Inevitável!

Talvez, por isso, eu sempre tenha preferido uma dura verdade à uma doce mentira. Confesso não me lembrar de nenhuma ocasião em que a verdade tenha sido consoladora, pelo contrário, sempre me sinto atropelada por um rolo compressor, mas nunca precisei ruminá-la durante dias até ser absorvida pelo meu orgulho. A verdade, por mais dura que seja, não se questiona, e mesmo que não corresponda às suas expectativas, você se sente recompensado pela lealdade, portanto, é mais fácil superá-la.


É, mais uma que se recusa a aceitar a verdade...

Aprendi a valorizar a verdade depois que o meu primeiro namoradinho resolveu que seria mais feliz com uma outra pessoa. Ao invés dele simplesmente colocar um fim na nossa pseudorelação, ele achou que não tinha nenhuma obrigação em me dar qualquer satisfação e eu acabei descobrindo por acaso, quando a irmã dele me disse que a dita cuja tinha passado a noite na casa dela. Hein?! Me amarrota, né?!

Pior foi quando eu perguntei ao cidadão o que tinha acontecido e ouvi um curto e grosso: Nada! Nada?? Nada?? Como, Nada? Por favor, me diz que você não tomou seu Prozac hoje porque, sinceramente, isso é coisa de gente doida!

Durante 9 anos eu convivi com essa situação mal-resolvida. Durante 9 anos eu busquei respostas em todos os meus relacionamentos, tentava analisar as ações, as atitudes, as palavras, as mentiras e as verdades. Eu simplesmente não conseguia superar a falta de uma explicação e isso afetou todas as minhas relações posteriores. Sim, eu sou uma psicopatinha, acontece nas melhores famílias.

E, finalmente, um dia ensolarado de verão, ele entrou no MSN e disse: “Eu estava inseguro com a nossa relação. Você era ciumenta, impulsiva e eu não tinha maturidade suficiente para lidar com a situação, então, me desculpa, mas eu preferi seguir em frente”. Eu não sei explicar o bem que essas poucas palavras me fizeram, mas foi como se de repente tivessem ascendido a luz de um quarto escuro. Consegui ver tudo nitidamente.

A verdade não apenas liberta, ela é o princípio da maturidade, o catalisador das escolhas, o Prozac da alma. Não digo que a sinceridade pura e amarga é a solução de um relacionamento sem traumas, mas ela ameniza a culpa, previne o ressentimento e, principalmente, o faz pensar. A sua verdade pode não ser a minha, e eu também não tenho a pretensão de sempre compreendê-la, porém eu tenho dever de respeitá-la. E se o respeito é a base de qualquer relação, então, meu bem, pode confiar em mim porque a sua base é sólida.

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